Protese Ocular: Resumo Genetica
Natalia Vieira Alves
Natalia Vieira Alves
Prótese na sua acepção etimológica, é todo meio de substituir a perda de substância quer congênita, quer adquirida. A prótese ocular visa reparação aloplástica das perdas ou deformidades do bulbo ocular, tendo por objetivos recuperar a estética facial, prevenir o colapso e a deformidade palpebral, proteger a sensível cavidade anoftálmica contra agressões por poeira, fumaça, poluentes, etc, restaurar a direção da secreção lacrimal e prevenir o acúmulo deste fluído na cavidade evitando as alterações assimétricas que progressivamente se instalam. A visão é um dos órgãos do sentido que também atua nesse equilíbrio sendo responsável, em parte, por vários aspectos importantes para a sobrevivência do homem e de sua espécie. Defesa, segurança, alimentação, entre outros, são fatores ligados ao desenvolvimento do indivíduo. Assim, a perda da visão provoca marcantes alterações, deixando o homem mais exposto ao perigo, diminuindo sua capacidade de adaptação. Há perdas, que por suas características, têm a tendência de provocar grandes alterações nas vidas das pessoas. A perda de um olho é uma amputação, ocasionando um luto como a morte. Além do problema óbvio da cosmética final, existe uma consideração na qual, para algumas pessoas, é intolerável - a imagem corporal defeituosa sendo uma deformidade facial considerada muito maior que qualquer outra.
A etiologia que leva a perda do globo ocular pode se por diversos fatores como se vê a seguir.
CONGÊNITA : A criptofalmia e microftalmia são fatores congênitos nos quais o bulbo está escondido da visão ou atrofiado. Esta condição, na qual o bulbo ocular não tem de ser removido, apresenta-se ideal para receber uma prótese ocular. As crianças portadoras destas formações podem receber próteses já aos 3 meses de idade.
ADQUIRIDA : pode ser patológica , onde os maiores responsáveis são os tumores retinoblastoma e melanoma, doenças corneanas como o Glaucoma. Acidental como em lesões civis que ocorrem em indústrias , acidentes de tráfego , e também em lesões de guerra.
GOIATO, M.C et al (2004) realizaram um estudo com o objetivo de classificar as maiores causas de perdas oculares na clínica de Prótese Bucomaxilofacial do Centro de oncologia bucal da UNESP em Araçatuba no período de 2001 a 2003. A amostra consistiu de 53 prontuários de pacientes que procuraram o Centro de oncologia bucal para confeccionar sua prótese ocular. O resultado apontou o Glaucoma como uma das maiores causas das perdas oculares, seguido pela perda de acidentes, alterações congênitas, e outra doenças.
A prótese ocular é um instrumento de reabilitação de quatro aspectos distintos: anatômico, estético, pessoal e interpessoal. Segundo os aspectos anatômico e estético, a PO restabelece o conforto estético proporcionando re-inserção sócio-cultural, uma vez que a lesão está localizada na face sendo supervalorizada por todas as culturas e grupos sociais. Quanto ao aspecto pessoal, a PO pode recuperar todo sentimento, sensações, idéias, imagens e valores que o indivíduo possui. A pessoa que perde um órgão sofre modificações bruscas em sua vida, afetando diretamente seu comportamento e a maneira de agir. A PO faz com que as pessoas não vejam o portador de lesão ocular como tal e, portanto, não demonstrem sentimentos de compaixão ou repulsa, já que reagem e interagem naturalmente com esses indivíduos, não comprometendo seus relacionamentos interpessoais. Isso independe da faixa etária e a proporção quanto ao sexo é de 2 mulheres para 1 homem. O que mais preocupa os pacientes é a perda do globo ocular, quando a mutilação se estabelece.
Em suma quando o evento desencadeador ocorre em crianças (zero a 11 anos) a tendência à aceitação e elaboração da perda é maior do que em adolescentes e adultos devido ao convívio precoce com suas limitações. A adaptação da prótese ocular e a conseqüente recuperação da estética contribuem para os aspectos pessoal e interpessoal não sofrerem modificações naturais de seu desenvolvimento. Na fase adulta o evento desencadeador provoca uma ruptura súbita na rotina de atividades e hábitos do indivíduo. A modificação estética instalada leva a uma distorção da auto-imagem e rebaixamento da auto-estima que pode estimular fantasias de exclusão social, aniquilamento perante o mercado de trabalho, impossibilidade de estabelecer vínculos afetivo-emocionais, contribuindo para que essas pessoas adotem uma atitude fatalista diante da situação, inviabilizando a reintegração social e dificultando o processo de elaboração da perda. A família contribui de modo positivo ou negativo na maneira de enfrentamento que o paciente adotará diante da perda. Atitude exagerada de superproteção ao indivíduo pode levá-lo a desencadear um sentimento de inferioridade, prejudicando a recuperação de sua auto-estima, o que dificulta sua reintegração. Conclui-se também que, muitas vezes, a atitude de proteção excessiva que a família deposita em seu familiar é um reflexo do sentimento de culpa que a mesma expressa pela perda que acometeu o paciente. A grande maioria dos pacientes acredita ter o comportamento alterado a partir do evento desncadeador devido ao amadurecimento pessoal, introjeção de novos valores morais e posicionamento mais ativo diante da vida, suscitados a partir da experiência que proporcionou um aprendizado positivo e adaptativo frente à nova realidade.
REFERÊNCIAS
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